E Se?

Cheguei a uma conclusão -ou melhor, aquele filósofo chegou, eu só copiei.

"Penso, logo existo."
   - René Descarte

Enquanto eu insistir em existir, minha mente não vai parar quieta um segundo sequer, maquinando, imaginando, distorcendo verdades, imaginando cenários, configurando conflitos, manipulando sentimentos e... os "e se’s"...

Esses são os que mais aparecem, os que mais me tormentam, como fantasmas presos em uma casa abandonada por uma maldição irritante.

E se der tudo errado? E se eu fizer cagada? E se eu não gostar? E se as pessoas forem chatas? E se eu não me habituar?

E se, ao escolher aquilo e me sentir presa a algo que, no final, vai acabar me corroendo por dentro e me tornando cada vez mais um corpo sem alma, vagando e fazendo as coisas por pura pressão, e a única motivação que eu vou ter é a de acabar logo com isso para que eu não me sinta ainda mais sufocada?

E se for muito cansativo? E se os professores forem ruins? E se eu não tiver tempo para nada? E se meu futuro for deprimente? E se eu nunca descobrir o que realmente quero?

E se eu acabar fazendo uma faculdade que eu não gosto, perceber tarde demais e acabar presa a algo que não me agrada, me levando a uma vida miserável e deprimente?

E se eu não gostar de acordar cedo?

E se eu ficar tão sozinha que a solidão vá, aos poucos, me consumindo e me transformando em pedra, e quando eu perceber já seja tarde demais e eu não consiga mais sair daquela situação?

E se eu conseguir sair... o que vai acontecer?

E se eu não puder voltar atrás?

Não me leve a mal, não sou depressiva, e os "e se’s" nem sempre são tão deprimentes assim.

E se eles forem legais? E se eu fizer amizades daoras? E se eu gostar da faculdade e viver fazendo algo que gosto? E se eu passar em uma faculdade daora?

É claro que os "e se’s" felizes são um pouco menores e não vêm com tanta frequência.

Por que será que nossos pensamentos normalmente nos levam para o lado mais melancólico e deprimente das situações? 

Ou... e se for só eu? E se eu for a única que pensa dessa forma e o que -na minha cabeça- costuma ser um enorme poço de retaliação própria, na dos outros for um banquete de bolos decorados com velinhas e flores coloridas…..?

Será que faz sentido?

Enfim, tenho que parar de pensar tanto nisso. Afinal, a decisão já foi tomada. E se eu me arrepender? Aí vai ser um problema para a minha futura eu, ela que se resolva com ela mesma... pelo menos, eu espero.